Quem bebe deste leite e come desta carne? |
sábado, 6 de dezembro de 2014
A TRISTE E LENTA MORTE DA REPRESA BILLINGS
Sábado fui junto com a minha filha Thais Scabio e a turma do Cine Mascate filmar e tirar algumas fotos da represa Billings, para um curta que eles irão realizar. Muito triste o que presenciamos, um mar ou rio de lixo, que na certa não foi jogado pelos órgãos públicos, mas pela população que mora entorno. Podemos encontrar de tudo desde cadeiras velhas, ate capacetes de algum motociclista que deve ter sido assaltado e que o resultado deste foi parar no fundo da represa, que hoje seca começa a expor toda a sujeira material e imaterial produzida pelo ser humano.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Devastação ou Verticalização
Ontem fomos convidados para participar de um Seminário sobre habitação na região de Cidade Ademar e Pedreira. Fiquei bastante preocupada em ver que algumas pessoas ainda acreditam ser o homem o animal mais importante dentro do meio ambiente, e por esse motivo, segundo nosso colega de debate, o "céu é o limite' , para ele , homem, podendo ele fazer o que quiser, ele pode tudo, até mesmo continuar construindo em áreas de mananciais, mesmo estando nós paulistanos passando por este momento terrível de falta de água. Sugestões de mudanças no zoneamento, permitindo as construções em áreas de mananciais, é impensável para qualquer ser que entenda que os recursos naturais do nosso planeta já estão negativados, e agora o que ainda se mantém tem que ser protegido a qualquer custo. Está difícil compreender que protegendo os recursos naturais, que ainda existem, estamos protegendo a nós próprios, pois não somos o meio ambiente, apenas fazemos parte, e uma parte, que apesar de causar tantos impactos, é extremamente insignificante biologicamente falando. Não compreendemos que vivemos em rede , e que na natureza um ser animado ou não é completamente dependente do outro. E por não entendermos esta rede hoje conseguimos desequilibrar todos os sistemas formadores de nosso planeta.
Como seres, ditos inteligentes, apesar dos golfinhos utilizarem 10% do cérebro do que nós, temos que reformar a nossa forma de pensar. Relendo o livro A cabeça Bem-Feita de Edgar Morin, entre as inúmeras frases grifadas por mim, lembro-me daquela que fala que não temos que reformar a educação, mas temos que reformar os nossos pensamentos, isso significa que velhos conceitos em relação não apenas ao meio ambiente, a tudo que nos cerca tem que ser repensado, temos que criar novos paradigmas, que nos permita viver de forma equilibrada com os demais seres viventes em nosso planeta, e não de forma destrutiva como estamos fazendo.
No Seminário tinha um senhor do qual gostei muito da fala, desculpe não guardei o nome, aliás sou péssima para isso, quando ele falou sobre a falta de solidariedade entre nós. E solidariedade em um amplo sentido, solidariedade com a vida. Sou a favor da verticalização da comunidades que ocupam espaços ainda não regularizados. Muitos são contra, e a explicação para isso é que muitos já se apropriaram do espaço, criaram vínculos , construíram casas. Quanto ao vínculo e apropriação do espaço entendo e respeito, mas aí a solidariedade, o porque não dividir este espaço através da verticalização , edifícios ou casas sobrepostas, assim aonde mora uma família, poderia morar três, quatro ou mais. Com projetos inteligentes poderíamos assim ampliar espaços verdes, trazer equipamentos sociais para estes núcleos, enfim qualidade de vida para aqueles que já moram e para outros que tem a necessidade de uma moradia, principalmente para aqueles que se encontram em área de risco, sem a necessidade de devastar outras áreas, principalmente, áreas de mananciais. Vamos pensar nas área que já estão devastadas, na região da Cidade Ademar e Pedreira tem muitas, já que temos cerca de 170 comunidades ou favelas. Não temos mais áreas disponíveis, é um crime , pensar em construir nas proximidades da represa Billings, Guarapiranga ou outros lugares necessários para a manutenção das águas, mais do que um crime é burrice, desculpe o palavreado.
Ao lado temos a comunidade da Av. Braz de Abreu, no Jardim Miriam, casas simples, o que não é a questão, sem planejamento urbanístico, com muitas vielas, de difícil acesso. Pense que talvez ela possa ser transformada com um projeto parecido com a foto que temos no início deste texto. Como será que a comunidade se sentiria após tudo pronto? Como seriam vistos pelos restantes moradores do bairro, que não moram em favelas? Porque hoje, sejamos sinceros, eles acabam sendo invisíveis para muitos, apesar de morarmos todos na mesma região, e pior além de invisíveis, marginalizados, somente porque não tiveram a oportunidade de morar em um local que atenda as normas de uma sociedade burguesa. Vamos pensar nisso? Comentem , debatam somente o diálogo traz a reforma do pensamento.
Flavia Scabio / outubro/2014
terça-feira, 7 de outubro de 2014
SE OS TUBARÕES FOSSEM HOMENS
DENTRO DA CAVERNA
Muitos conhecem o Mito da Caverna, escrito pelo filósofo grego Platão na obra intitulada A República, volume VII. Para quem não conhece olhe o vídeo acima. Enfim, trago este tema para falar sobre educação. Por muitos anos a educação tem servido a um sistema que insiste em colocar as pessoas presas nas caverna, permitindo-lhes apenas a visão das sombras transmitidas e editadas pelos controladores da massa humana. Há pessoas que com muito esforço e luta conseguem se livrar dessas correntes, e ao sair da caverna e olhar os horizontes consegue ter sentimentos confusos de imensa alegria e êxtase. mas também de profunda melancolia em saber o quantos ainda estão presos e não conseguem ver a luz da verdade possibilitando-nos sermos livres. Neste momento, pensa ser o mocinho da história, e assim resolve voltar à caverna e libertar os demais, pensava estar fazendo o melhor por eles, afinal quem não quer ser livre! E surpreso percebe que os controladores da massa humana tem feito um excelente trabalho, pois quando começou a expor sua visão de mundo os prisioneiros imaginaram-no louco, bandido, bardeneiros. Ah sim, estes últimos porque são brasileiros, porque se fossem europeus, asiáticos e outros seriam manifestantes.
Todos os candidatos a presidência da república falaram sobre a necessidade de maiores investimentos na educação, poucos falaram sobre profundas mudanças, sobre novos paradigmas , porque investimento nenhum irá trazer novas perspectivas para a educação, se aqueles responsáveis pela formação dos professores continuarem a servir o Sistema ensinando-os a apenas reproduzir aquilo que o Sistema quer que seja reproduzido e não a questionar e refletir sobre o que o Sistema quer que se reproduza. A luz da sabedoria e da verdade que se encontra fora da caverna desestabiliza o Sistema por isso é tão perigoso. E aqueles que conseguem sair da caverna jamais conseguirá voltar a olhar as sombras, e se olha-las começara a perceber o que há por de traz deste olhar.
Na semana passada tive a satisfação de participar de um grupo de educadores que tinham como função preparar crianças e adolescentes, para que possam participar da Conferencia da Criança e Adolescente. Adorei, adoro trabalhar principalmente com os adolescentes e jovens que se recusam a ficar na caverna e questionam, e nestes questionamentos e reflexões reconstroem conceitos e buscam construir um mundo em que possam ser livres, livres na forma de pensar e de construir suas verdades. Em nossa reflexão fizeram-me a mesma pergunta que outros jovens já haviam me feito, do porque a escola não promove momentos de reflexão, rodas de conversa, onde ele, adolescente e jovem, pode expor -se livremente, sem censuras, sem restrições. Infelizmente a maioria de nossos professores estão mais preocupados com os conteúdos programados do que na formação de seres pensantes. Escolheram seguir o sistema e estão se abstendo da sua responsabilidade de formar seres livres, capazes de realizar uma leitura e reeleitura do meio em que vive e transformá-lo de forma a atender suas necessidades individuais e coletivas.
Sei que os professores que lerem este meu texto irão dizer que os conteúdos também são importantes, o que concordo, mas se ele não estiver contextualizado em nada vai contribuir para a formação de cidadãos, de pessoas livres. Os conteúdos trabalhados sempre deverão estar dentro de um contexto, preferencialmente, dentro de um contexto em que o educando se reconheça como protagonista. Difícil!!! é mesmo! Dá muito trabalho, mas os resultados são gratificantes. Pessoas livres no modo de pensar conseguem construir um mundo novo, pessoas presas nas cavernas são capazes de eleger deputados que irão formar um congresso extremamente radical, intolerante e conservador, fazendo com que estejamos no perigo eminente de voltar as eras de chumbo, do tempo da ditadura militar. Voltarmos para um momento de escuridão, em que a maioria das pessoas são obrigadas a ver apenas as sombras e aqueles que se recusam a isto são eliminados garantindo assim que os encavernados continuem nas trevas da ignorância.
outubro/2014 Flavia Scabio
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