terça-feira, 7 de outubro de 2014

DENTRO DA CAVERNA



       Muitos conhecem o Mito da Caverna, escrito pelo filósofo grego Platão na obra intitulada A República, volume VII. Para quem não conhece olhe o vídeo acima. Enfim, trago este tema para falar sobre educação. Por muitos anos a educação tem servido a um sistema que insiste em colocar as pessoas presas nas caverna, permitindo-lhes apenas a visão das sombras transmitidas e editadas pelos controladores da massa humana. Há pessoas que com muito esforço e luta conseguem se livrar dessas correntes, e ao sair da caverna e olhar os horizontes consegue ter sentimentos confusos de imensa alegria  e êxtase. mas também de profunda  melancolia em saber o quantos ainda estão presos e não conseguem ver a luz da verdade possibilitando-nos sermos livres. Neste momento, pensa ser o mocinho da história, e assim resolve voltar à caverna e libertar os demais, pensava estar fazendo o melhor por eles, afinal quem não quer ser livre! E surpreso percebe que os controladores da massa humana tem feito um excelente trabalho, pois quando começou a expor sua visão de mundo os prisioneiros imaginaram-no louco, bandido, bardeneiros. Ah sim, estes últimos porque são brasileiros, porque se fossem europeus, asiáticos e outros seriam manifestantes.
       Todos os candidatos a presidência da república falaram sobre a necessidade de maiores investimentos na educação, poucos falaram sobre profundas mudanças, sobre novos paradigmas , porque investimento nenhum irá trazer novas perspectivas para a educação, se aqueles responsáveis pela formação dos professores continuarem a servir o Sistema ensinando-os a apenas reproduzir aquilo que o Sistema quer que seja reproduzido e não a questionar e refletir sobre o que o Sistema quer que se reproduza. A luz da sabedoria e da verdade que se encontra fora da caverna desestabiliza o Sistema por isso é tão perigoso. E aqueles que conseguem sair da caverna jamais conseguirá voltar a olhar as sombras, e se olha-las começara a perceber o que há por de traz deste olhar. 
Na semana passada tive a satisfação de participar de um grupo de educadores que tinham como função preparar crianças e adolescentes,  para que possam   participar da Conferencia da Criança e Adolescente. Adorei, adoro trabalhar principalmente com os adolescentes e jovens que se recusam a ficar na caverna e questionam, e nestes questionamentos e reflexões reconstroem conceitos e buscam construir um mundo em que possam ser livres, livres na forma de pensar e de construir suas verdades. Em nossa reflexão fizeram-me a mesma pergunta que outros jovens já haviam me feito, do porque a escola não promove momentos de reflexão, rodas de conversa, onde ele, adolescente e jovem, pode expor -se livremente, sem censuras, sem restrições. Infelizmente a maioria de nossos professores estão mais preocupados com os conteúdos programados do que na formação de seres pensantes. Escolheram seguir o sistema e estão se abstendo da sua responsabilidade de formar seres livres, capazes de realizar uma leitura e reeleitura do meio em que vive e transformá-lo de forma a atender suas necessidades individuais e coletivas. 
        Sei que os professores que lerem este meu texto irão dizer que os conteúdos também são importantes, o que concordo, mas se ele não estiver contextualizado em nada vai contribuir para a formação de cidadãos, de pessoas livres. Os conteúdos trabalhados sempre deverão estar dentro de um contexto, preferencialmente, dentro de um contexto em que o educando se reconheça como protagonista. Difícil!!! é mesmo! Dá muito trabalho, mas os resultados são gratificantes.  Pessoas livres no modo de pensar conseguem construir um mundo novo, pessoas presas nas cavernas são capazes de eleger deputados  que irão formar um  congresso extremamente radical, intolerante e conservador, fazendo com que estejamos no perigo eminente de voltar as eras de chumbo, do tempo da ditadura militar. Voltarmos para um momento de escuridão, em que a maioria das pessoas são obrigadas a ver apenas as sombras e aqueles que se recusam a isto são eliminados garantindo assim que os encavernados continuem nas trevas da ignorância. 

outubro/2014           Flavia Scabio 

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